O município de São Félix do Araguaia, localizado às margens do Rio Araguaia, teve início na década de 1940 com a chegada de famílias migrantes em busca de terras para criação de gado. O pioneiro Severiano Neves e outros retirantes fundaram o povoado em meio à convivência com os povos indígenas Karajá e Xavante. O nome “São Félix” foi escolhido em homenagem ao santo protetor, símbolo de fé e esperança dos primeiros moradores.
Desde o início, o povoado foi marcado por festas populares e religiosas — como São João, São Pedro e Santo Antônio — além do tradicional Bumba Meu Boi e das lendas contadas nas portas das casas, como a do Boto, da Buiuna e do Negro d’Água. Essa mistura entre costumes migrantes e tradições indígenas deu origem à rica identidade cultural da Região do Araguaia.
Nos anos 1960, o presidente Juscelino Kubitschek implantou a “Operação Bananal”, que incluiu o luxuoso Hotel JK, projetado por Oscar Niemeyer na Ilha do Bananal. Apesar da grandiosidade, o projeto foi abandonado após o fim do mandato de JK, deixando apenas lembranças e impactos culturais entre os povos Karajá.
Durante a Expedição Roncador-Xingu, os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Boas passaram por São Félix, utilizando o vilarejo como ponto de apoio. Leonardo formou família na cidade, e os irmãos deixaram um legado humanista na defesa dos povos indígenas e na criação do Parque do Xingu.
Em 1968, chegou a São Félix o missionário Dom Pedro Casaldáliga, que dedicou sua vida à defesa dos trabalhadores rurais, indígenas e ribeirinhos durante o período da ditadura militar. Criou o Ginásio Estadual do Araguaia (GEA), um projeto educacional transformador voltado à libertação social e à formação de professores. Sua atuação tornou São Félix símbolo nacional de fé, resistência e justiça social.